Viver é preciso, casar não é preciso. Por Lucas Ribeiro.
28/02/2010
Foi assistindo a um telejornal que tomei conhecimento de um dado, ao menos para mim, assustador: o número de casamentos no Brasil teve um aumento de 6,5% com relação ao mesmo período do ano passado. Não imaginava que ainda existiam pessoas dispostas a gastarem uma verdadeira fortuna com patéticas cerimônias matrimoniais; muito menos que acreditassem na necessidade deste “ritual” para constituição de uma família. Penso que o amor é indiferente a esses “adereços” culturais, e que a paixão é essencialmente extraconjugal.
A fatídica reportagem também afirmava que o número de divórcios tem aumentado, entretanto, o de casamento amplia-se numa escala ainda maior. O fato exprime um retrocesso social, a meu ver, uma verdadeira ameaça a livre evolução humana. Isso mostra, no mínimo, que as pessoas ainda encontram-se presas aos dogmas da cristandade, distanciando-se assim, do prisma maior da natureza: a liberdade.
Dizia Schopenhauer: “só um filósofo pode ser feliz no casamento, e os filósofos não se casam”. E disse mais: “aquele que se casar por amor, deverá ter uma vida triste”. Desconsiderando o fato de ter sido Arthur Schopenhauer o mais pessimista dos filósofos ocidentais do século XVIII, suas máximas ainda parecem ser bem aplicáveis aos dias atuais.
Não é nada incomum assistimos na TV depoimentos de mulheres que denunciam seus maridos por estarem sendo espancadas, o que denota uma banalização da violência em nome da moral. Balzac foi quase preciso quando disse: “o casamento deve combater incessantemente um monstro que devora tudo: o hábito.” Mas, eu digo: ele não combate, ao contrário, o potencializa. Por isso, racionalmente, prefiro Goethe: “O amor é uma coisa ideal, casamento uma coisa real; uma confusão entre o ideal e o real nunca acaba impune.” Nesse sentido, a separação é a única saída. Na separação todos morrem um pouco, como Caruso poeticamente afirmou: “o outro morre em vida dentro de mim e eu também morro na consciência do outro.”
Ficam os filhos. Às vezes os pais subestimam a capacidade de superação dos mesmos, infantilizando-os. É preciso que o casal entenda que a separação é conjugal, ou seja, o casal parental continuará para sempre. É certo que os pequenos sempre reagirão com raiva, medo e culpa e esses sentimentos podem perdurar por dias, meses, ou anos. No entanto, o importante é manter os rebentos distantes dos conflitos e se possível, oferecer-lhes ainda mais, amor e carinho.
É possível que a terapia de casais restabeleça o equilíbrio emocional da família, tendo em vista que essa é a única intenção dos psicólogos, e não re-casar ou manter o casamento de ninguém. Com o rompimento da relação, tanto o homem quanto a mulher envolvem-se em uma espécie de “luto” que pode ser mais doloroso do que a perda (morte) de um ente querido. Esse “luto” precisa ser interpretado da maneira correta, sem demasia ou surrealismos, nesse sentido, o psicólogo é mais que uma mão na roda, pode ser a salvação.
Para finalizar, considere: viver é preciso, casar não é preciso.
Lucas Ribeiro*
*Estudante de psicologia e história.
*Profº de filosofia e história.