Tenente PM Patrícia de Oliveira Batista, fala sobre a Ronda Maria da Penha em Jequié. Clique e saiba mais

15/05/2020

JN: O que constitui a Ronda Maria da Penha em Jequié?

Tenente Patrícia: A Ronda Maria da Penha é mais uma modalidade de policiamento implementada pelo 19° BPM na cidade de Jequié, por esforços do Tenente Coronel Gondim, comandante da unidade. Trata-se de um serviço especializado voltado para a prevenção e erradicação de todos os tipos de violência contra mulher. Temos como missão possibilitar às Mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, que estejam sob proteção do Estado, a salvaguarda da vida e a garantia dos Direitos Humanos. Nossa atuação contempla o acompanhamento e fiscalização das Medidas Protetivas de Urgência, acolhimento, segurança e encaminhamento de mulheres vítimas aos serviços especializados necessários, além de ações de conscientização e incentivo à denúncia, e promoção e/ou participação em projetos sociais diversos.

 

JN: Recentemente a Ronda recebeu uma viatura padronizada. Existe um projeto para a criação de uma sede própria na cidade?    

Tenente Patrícia: Estamos gratos ao Governador do Estado, ao Comandante Geral da Polícia Militar da Bahia e ao Ten Cel Gondim, comandante do 19º Batalhão, por termos, no último dia 12 de maio, recebido a viatura padronizada destinada a Operação Ronda Maria da Penha, na cidade de Jequié. Quanto à sede própria, existe sim um projeto para que a ronda Maria da Penha esteja sediada em local independente, contudo, estamos aguardando que seja disponibilizado um prédio público municipal ou estadual para atender a essa finalidade. Provisoriamente, a sede esta funcionando nas dependências do Batalhão.

 

JN: Existem informações que diante da Pandemia as agressões as mulheres tem crescido no país. Na nossa região esse fato também vem crescendo?

Tenente Patrícia: Segundo ONGs de proteção à mulher, em todo País, denúncias de vítimas e testemunhas aumentaram três vezes desde o início da quarentena implantada por conta do novo coronavírus. A medida teve como consequência um efeito muito negativo: o aumento dos casos de violência doméstica contra as mulheres. A cifra oculta, que corresponde aos casos de violência não denunciados, tende a aumentar em razão do isolamento das vítimas e maior vigilância por parte dos parceiros. Se as mulheres tinham receio de comparecer em uma Delegacia de Polícia em tempos normais, ou mesmo acionar a Central 180, em uma situação de isolamento na mesma casa, a dificuldade é ainda maior, e em Jequié, essa situação, com certeza, não é diferente.

Estudos indicam que a casa é o lugar mais perigoso para uma mulher e a quarentena intensifica isso. "A maioria dos atos de violência e feminicídios ocorrem justamente em casa. Com a pandemia, além do isolamento e do medo, vieram também o desemprego e as dificuldades econômicas. Embora esta seja uma crise mundial sem precedentes, fatores como isolamento, dificuldades financeiras, controle da vítima e consumo de álcool já eram apontados nacional e internacionalmente como fatores de risco para mulheres, e estão sendo potencializados no momento atual.                                                                                                                                                 
JN: De que forma as mulheres ou testemunhas das agressões podem denunciar os agressores?

Tenente Patrícia: A mulher vítima de violência pode efetuar a denuncia através da Central Atendimento à Mulher em situação de violência através do número 180. Em situações de flagrante de violência contra a mulher, podem denunciar através do 190 (Central de Atendimento da Polícia Militar). Ela pode se dirigir à Delegacia Especializada de apoio a mulher - DEAM, e agora conta com mais um suporte que é a Operação Ronda Maria da Penha, podendo se dirigir à sede ou contactar através do número: 98219-4074

 

JN: Qual o principal motivo dos casos envolvidos na Lei Maria da Penha?             

Tenente Patrícia: A violência do homem contra mulher tem uma autorização cultural muito grande. Questões culturais como machismo, patriarcalismo e outros tipos de subjugação do gênero feminino ainda são os fatores mais determinantes nos casos de violência doméstica. A violência doméstica geralmente possui motivação fútil: Alcoolismo, drogadição e questões financeiras são fatores exacerbadores, mas é o machismo revelado no sentimento cotidiano de posse que determina a maioria absoluta de casos do tipo. Ela estava de saia curta, chegou em casa fora do horário combinado ou não havia feito a comida na hora certa. Estas são principais afirmações dos agressores que vêem as mulheres como objetos de sua propriedade, e ainda tentam culpa-las pelo ocorrido.                                       

 

JN: Aqui é um espaço aberto para a senhora enviar uma mensagem a sociedade falando sobre o trabalho da Ronda. 

Tenente Patrícia: Conclamo a todos, homens e mulheres, a desmentir o ditado sexista de que briga de marido e mulher não se mete a colher; neste caso, meter a colher não é invadir a privacidade, é garantir padrões morais éticos e Democráticos. A cada dia no Brasil, 15 mulheres são mortas por ser mulher; a mulher não pode aceitar a violência dentro e fora de casa como se fosse inevitável. Mulheres, denunciem! Usem os recursos ao seu alcance, saibam que terão o Estado ao seu lado, contem com a ronda Maria da Penha.
Ronda Maria Da Penha: mais proteção para as mulheres que mais precisam!

Comandante da Operação Ronda Maria da Penha/19º BPM - Jequié.