Cláudio Murilo faz parte do empreendimento como investidor e sócio minoritário, além de ser o principal mediador entre os italianos e entidades brasileiras. JN: A população jequieense ainda tem muitas dúvidas sobre o Grupo Chateau d’Ax, principalmente em relação a que tipo de indústria será implantada em Jequié, já que o Grupo trabalha com diversos segmentos comerciais. Seria também interessante dar uma noção do porte desta empresa e os benefícios que virão para a nossa cidade. Cláudio: GRUPO EMPREENDEDOR Sediado no norte da Itália entre as cidades de Milão e Como, o grupo Chateau D’Áx, fundado há mais de 50 anos, é um dos mais antigos e mais respeitados fabricantes de estofados de couros e de móveis talhados em madeira na Itália e no mundo. Figura em revistas especializadas como um dos dois maiores fabricantes mundiais. Hoje o processo produtivo é distribuído em 19 estabelecimentos e todo este complexo está verticalmente integrado com unidades de beneficiamento de peles, plantas de espuma e armação, corte-costura do couro e montagem, de forma que se possa assegurar a qualidade oferecida ao cliente. Para completar o ciclo, todo o controle de logística das unidades fabris até os centros de distribuição é realizado por softwares personalizados, os quais mantêm atualizadas em real-time as quase 200 lojas exclusivas e o centro logístico de atendimento aos clientes. A escolha pelo nosso país tem na oferta de couro seu fator primordial. Hoje o Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo, o que representa 20% da oferta mundial da matéria prima de couro no mundo. No entanto, a maior parte desta riqueza sai do país em estado natural ou semi-elaborado para agregar valor e empregos em outros países. O grupo Chateau D'ax importa atualmente cerca de 9000 couros dia (em estágio inicial) do Brasil para beneficiamento na Itália e posterior remessa de grande parte deste produto já acabado para os EUA. Com este investimento, o grupo pretende industrializar estes couros aqui no Brasil economizando assim muitos custos envolvidos, e destinando a maior parte da produção para o exterior, principalmente o mercado americano. O EMPREENDIMENTO A intenção do Grupo Chateau Dax é implantar, com maior parte de recursos próprios, três projetos: inicialmente uma indústria de beneficiamento do couro, em seguida indústria de estofamento de couro e num momento futuro um frigorífico. Estes três projetos serão implantados com sede na cidade de Jequié, formando um conjunto de cadeia produtiva de empresas vinculadas. Esta sinergia, otimizada pela possibilidade de estarem verticalmente integradas, possibilitará a formação de um Arranjo Produtivo Local (APL), gerando assim, vantagens competitivas e benefícios para nossa região. Devido ao custo de transporte, que no caso de sofás é muito relevante, foi concebida a solução de transportar estes sofás desmontados para local próximo ao porto de Salvador e lá fazer apenas a montagem final e a costura de apenas uma lateral. Isto, no entanto, não afetará substancialmente o volume de empregos na cidade de Jequié, já que, dentro da fábrica de sofás, o setor de corte e costura absorve a maior parte dos trabalhadores. Algumas características são também importantes de serem lembradas: LONGEVIDADE DO PROJETO Nenhum Grupo que instala um cluster (grupo de empresas) com tamanho volume de investimento intenciona explorar momentaneamente as vantagens ou benefícios durante apenas seu prazo de fruição. Os benefícios gerados terão característica de longevidade garantida, segurando principalmente os empregos pretendidos. Além disto, até os galpões serão construídos com recursos dos investidores ao contrário de outras tantas empresas já implantadas com fomento do governo; neste caso o aporte do governo é de financiamento dos galpões que serão pagos pelos empresários. SUPRE MÃO-DE-OBRA ESPECIALIZADA E HOJE DESEMPREGADA O projeto absorverá principalmente a mão-de-obra já qualificada dos antigos funcionários do Curtume Aliança S/A, do antigo pólo de indústria de roupas para a costura e também de ex-funcionários do frigorífico. INTENSIVO EM MÃO-DE-OBRA: GRANDE PODER GERMINATIVO Além dos empregos diretos, este projeto irá provavelmente reativar as 3 fábricas de luvas (105 funcionários) e os 270 desempregados de artefatos de couro na região, que sobreviviam do fornecimento de couros e resíduos especiais somente fornecidos pela empresa que paralisou as suas atividades recentemente (Curtume Aliança S/A). JN: Com o resultado das eleições deste ano, você acredita que com o novo Governador da Bahia, Jaques Wagner, existirá algum empecilho na instalação desta indústria? Cláudio: Acredito que não. Para qualquer governante a geração de emprego e renda é prioridade. Aliás, tomei conhecimento que o novo governador depois de eleito, em entrevista a uma rádio local, já ratificou o seu interesse específico por este investimento em Jequié. Esta foi uma conquista da população de Jequié e é legítima, importante inclusive para a matriz de aderência da Bahia. JN: Como está a situação do projeto? Existe previsão para funcionamento? Cláudio: Após a assinatura pelo atual governo (governador e secretários) de documentação que permuta o benefício inicialmente acordado relativo à “construção dos galpões” pela opção do financiamento, cabe a nós cumprir as etapas seguintes para nos tornar aptos ao enquadramento do DESENBAHIA. Mais especificamente, após a apresentação dos projetos executivos e documentação pertinente, teremos que obter a aprovação e conseqüente licença do CRA. Realmente, os prazos são muito apertados e esperamos contar com a ajuda de todos. Esta etapa, no mínimo, irá consumir quatro a cinco meses. JN: Sabendo que o Grupo Chateau é liderado por italianos, a contratação da mão-de-obra terá grande influência estrangeira? Cláudio: Claro que não, um dos pressupostos do projeto é utilizar a mão de obra local. Evidentemente, no início, teremos a presença de instrutores, que com o passar do tempo, deverá ser substituído por mão de obra da região.