Show de blues com muito estilo e criatividade entusiasma o público. Confira!
09/08/2008
Banda Café com Blues, vinda da cidade de Vitória da Conquista, fez ontem (8) show no Centro de Cultura ACM. Com estilo diferenciado e muito criativo entusiasmou a platéia jequieense.
Levando em conta o fervor do movimento até então pouco difundido na cidade, que por sinal não é muito divulgado na nossa Bahia do axé music, Neubera Kundera, psicólogo e poeta jequieense nos presenteia com sua crônica:
"Urbanosso de Cada Dia”
Bule bule, Café com Blues. E não é que em toda casa tem café! Mas hoje cedo na minha teve blues. Tomei sem medo do vício, sem quantidade medida. Senti cheiro de algodão e terra batida. Tantas batidas, grooves de outras terras, e bem no alto da minha serra o galo cantou blues. Pois ontem sonhei blues na capoeira, na boca da lavadeira, servido ao sertanejo junto à sombra pra descanso em baixo do pé de umbu. Era em óleo e lata, com pífano e gaita, uma epifania de pire-paque total. E nem totalizaram-se os números da cantoria, parei as horas no relógio central. Imaginem se a partir de agora, todo dia, blues fosse o mote, um monte, uma alegria espantando o calor da caatinga, acompanhando o eco da panela fervendo poesia.
Bule bule, café com pão. Liga seu rádio, peão! Leva contigo no lombo da égua, rumo às léguas que trota a serviço do sertão. E verás seca. “Ê seca, o sol ilumina o dia”. Verás seca onde outrora o verde luzia. Mas hoje Blues é o tom que mais alto brilha, pra esquecer a madeira, motivo de briga, esquecer a morte dos campos, dos rios e toda flora e fauna banida. Passada a falta, memória varrida, visto meu Terno de Rei pra celebrar a vida em folia. Essa é a nova paisagem. Retrato imaginado no blues encravado, compassado nas veias do chão, já que o novo se irriga.
Bule bule, blues na barriga. Devidamente vestido e alimentado, vou conforme outro formato. Como nascer de novo, cordão com o blues entrelaçado. Como nascer sem parto, sem o choro que a vida anuncia. Já chego sem “stand by”, com o “start” ligado. E parto para o urbano que nos dai hoje o Blues nosso de cada dia.
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