JN: Quem é Ricardo Ayade? Ayade: Difícil responder esse tipo de pergunta (risos), acredito que sou um ser em constante construção e aprendizado. Um operário da arte! Fora isso, sou um ser humano normal (risos). JN: Existe alguma preferência entre atuar e cantar? Você teve ou tem influência de outros artistas? Ayade: Não tenho exatamente uma preferência. Eu me considero apenas um funcionário da arte e cumpro suas ordens. Se ela me dá um trabalho em cinema, eu atuo, se é com música eu canto. São duas artes distintas, mas que de alguma forma se complementam, pois todo cantor tem um pouco de ator e no fundo todo ator também é um orador/cantor. Tenho igual tesão nas duas expressões. Gosto do trabalho de ator porque me dá a possibilidade de ser quem eu não sou, de realizar coisas que o Ricardo (pessoa) jamais faria. Porém o trabalho do ator, num filme, por exemplo, não envolve tanto o público, em seu processo de pesquisa e feitura, apenas depois do produto pronto é que você tem a troca com o público que o assiste. Já no palco, cantando, a troca com o público se dá instantaneamente e isso é maravilhoso. Ouvir o público cantar com você e ter esse contato olho no olho com as pessoas é a coisa mais gostosa do mundo! Quanto às influências, tenho muitas. Não me inspiro em um cantor ou compositor específico, mas com certeza trago em minha trajetória um pouquinho de cada um. Acho que pelo fato de ser ator aprendi a observar as pessoas para construir os personagens e acabei trazendo isso pra música também. Observo, ouço, estudo e trago comigo o que acho que vale a pena pra mim, ou o que me toca naquele momento. Acredito que de alguma forma eu transmito isso nas letras e melodias das minhas canções. Mas se for pra citar nomes eu cresci ouvindo Milton Nascimento, Elis Regina, Caetano, Gil, Gal, Bethânia, Novos Baianos, Zé Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Sergio Sampaio, Elomar, Chico Buarque, Cartola, Marisa Monte, Noel, entre outros. E como ator, é da mesma forma, tem muitos atores que admiro e estudo suas atuações, observo e guardo numa gavetinha interna tudo o que aprendo com eles. Daí quando preciso, remexo a gaveta e busco alguns artifícios. JN: Recentemente você lançou o CD “Distraído”. Fale um pouco desse novo trabalho. Ayade: O Distraído é o meu 1º álbum e é completamente autoral. Nele eu trago algumas composições antigas e outras bem recentes. Não gosto de me prender num ritmo específico e por isso classificam o Distraído como um disco de MPB, que na verdade, eu acredito ser uma mistura que agrada aos ouvidos de todos. Graças a DEUS, o disco está tendo uma repercussão muito boa no eixo Rio-SP e em outros lugares do país. Estamos com uma música tocando no programa Faro da MPB Fm do Rio e onde chegamos com o disco somos muito bem recebidos. Estou feliz com o resultado! Agora é viajar e fazer show! JN: Sabemos que você está com um projeto para instalação de uma biblioteca em Salvador. Conte-nos sobre essa empreitada. Ayade: Então, a biblioteca na verdade ficará na Ilha Grande, que é uma ilha próxima à Camamu. Todos os anos eu faço um trabalho voluntário com as crianças, adolescentes e jovens de lá e por conta de um menininho chamado Davi, que ama ler, eu pensei em montar essa biblioteca lá. Conseguimos arrecadar quase 200 livros e agora ganhamos mais uma boa quantidade para doação. A minha meta no futuro é fazer uma biblioteca flutuante, para que possamos atender não só a comunidade da Ilha Grande, mas também das outras beiradas (como chamamos as ilhas menores próximas à IG). JN: Como as pessoas poderão conhecer o seu trabalho? Ayade: É fácil, sou um artista que ama o contato com o público, por isso tenho facebook, twitter, instagram, todas essas coisas. No Face estou como Ricardo Ayade; no instragram e no twitter é @RicardoAyade. Além disso, mantenho um canal no Youtube, “Ayade”, e o meu site que é: www.ricardoayade.com (sem BR). No site eu disponibilizo o Distraído para download grátis, além de ter trechos de filmes e outras coisas que faço. Estamos sempre conectados!