Riacho dos Santos. Por Antonio Jeferson.

30/08/2022

Uma das alegrias da minha mãe é ter sol para secar as roupas que ela lava no riacho. Como eu, ela não gosta de chuva.

Hoje, ela me enviou essa foto e me deu saudades de quando lavávamos roupas e areávamos as panelas juntos. Não tínhamos sabão em pó. Às vezes o sabão era ela mesmo que fazia. E o bombril era areia peneirada. Faltava muita coisa lá em casa. Mas não faltou amor. Cada ida nossa ao rio, com bacias de roupas e louças nas cabeças, era regada de muitas conversas e risadas altas. Às vezes tínhamos crises de risos. Parecíamos duas crianças brincando na água.

Minha mãe é meu chão. Chão batido. Firme. Regado de lágrimas e risadas. Ela é poesia, amor e colo quente. É a morada de minha alma na sua inteireza. Com as partes que todo mundo gosta e as que só ela sabe acolher. Minha mãe é, antes de tudo, um forte!

Hoje, a saudade desse menino que lavava roupa e loucas no riacho apertou de forma especial. Saudades do menino que não desejava muito. Há de termos cuidado com o que desejamos. Nem tudo vale a pena. E isso não quer dizer de alma pequena. Embora grato pelo caminho percorrido da roça até aqui. Estou cansado!

A saudade veio com a vontade de eu nunca ter saído do meu Riacho dos Santos. Do meu reino. Da minha roça. De seguir lá areando panelas com areia e estendendo as roupas no varal e olhando o mundo do meu quintal.

Antonio Jeferson (autor jequieense)