“Quem hoje é vivo corre perigo...” Por Silvana Silva.

11/05/2011

Você leitor deve estar a se perguntar: Qual o enfoque deste texto? A abordagem é sobre política, saúde e/ou educação? Já sei! Vai apontar dados sobre a cultura local. Na verdade, o texto tenta chamar a sua atenção para questões sobre o meio ambiente, ou melhor, apenas ambiente, pois ele é a totalidade e não a metade, e a sua abordagem é completamente global e transversal, pois nele perpassam conhecimentos de várias áreas, tais como, a educação, a saúde, a política, a economia, a cultura, enfim, faz parte do ambiente os vários contextos sociais e naturais, que também estamos inseridos nele, ou seja, somos parte dele, além dos demais seres vivos. Será que nos dedicamos a refletir sobre o ambiente no nosso dia a dia? O que entendemos por ambiente? Que tipo de ambiente as gerações futuras irão herdar? Somos parte do ambiente e por isso interferimos muito na sua dinâmica, e infelizmente muitas vezes de uma forma totalmente negativa, em que a preocupação com os recursos naturais é geralmente colocada de lado, pois, as conseqüências das atividades humanas denotam, que, nós humanos, utilizamos tais recursos de forma acelerada, sem a devida preocupação com a dinâmica e o limite de tempo do ambiente. Vamos refletir sobre o nosso contexto local, enfocando o Rio das Contas, tentando comparar o de décadas passadas com o que temos hoje, pois o rio que corta a cidade de Jequié não pode ser mais considerado como tal, e sim, um esgoto canalizado a céu aberto, onde resíduos domésticos são lançados diretamente em suas águas, e lixos fazem parte do seu cenário. As suas águas estão paradas e poucas espécies se fazem ali presentes. O que pensar de uma cidade/cidadãos que não preserva de forma sustentável o seu bem natural? Hoje, falamos em cidadania ambiental devido a necessidade de enfatizar a dimensão ambiental nas relações sociais, e principalmente nas tomadas de decisões em que se requer ações que possam priorizar o contexto socioambiental. Pensar e agir dentro da cidadania ambiental é rever atitudes e valores, não de forma isolada, ou apenas em nível de indivíduo, mas em ações coletivas locais e globais, em que, se almeja uma sociedade sustentável, menos opressora, excludente, consumista e desigual. É chamar para o diálogo os vários conhecimentos como a economia, política, cultura, direito, ciência e tecnologia, na busca de um repensar e um novo caminhar em direção a um contexto integrado sobre o ambiente. Lembre-se de que o ambiente não é só a natureza, e sim uma interação ente os aspectos biológicos, físicos, químicos, cultural e social, em que ocorrem mudanças entre os organismos envolvidos. O ambiente nesta visão é considerado como um local relacional onde a presença humana aparece como um agente que pertence à teia de relações da vida social, natural e cultural. O ser humano interage com essa teia, e é completamente dependente dela. Vamos rever os nossos hábitos, atitudes, valores e ações para como o ambiente, desta forma evitaremos a transferência de responsabilidades e soluções milagrosas para as alterações ambientais, conforme é destacado na “Matança”, do compositor Jatobá: “...Que quando chegar a hora É certo que não demora Não chame Nossa Senhora Só quem pode nos salvar..” Silvana do Nascimento Silva Departamento de Ciências Biológicas- UESB Doutoranda em Ensino, Filosofia e História das Ciências-UFBA