Pe. Pedro Bacchiocchi fala sobre o processo de beatificação de Pe. Hilário Terosi.
24/10/2014
JN: Para aqueles que não conhecem, conte um pouco da historia de Pe. Hilário.
Pe. Pedro: Como premissa digo que conheci Pe. Hilário já missionário na Bahia quando veio de férias da Itália em 1963 ou 64 por poucos meses. Sei que nasceu numa pequena localidade do Monte Amiata onde se extraia o mercúrio em 1914. Entrou na Congregação bem jovem e depois de ser ordenado sacerdote, veio exercer seu ministério na Bahia de 1953 até sua morte em 2004, primeiro na cidade de Salvador, depois em Boa Nova e enfim na cidade de Jequié onde se tornou primeiro pároco da paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro no Jequiezinho.
Filho espiritual de São Paulo da Cruz, cujo carisma viveu intensamente, sabia transmitir com sua verve Toscana fé e entusiasmo genuíno em todas as pessoas que encontrava. Frequentar Pe. Hilário e não sentir o Amor de Deus assim como o recebemos através de Jesus Crucificado era praticamente impossível. Como não falar do seu entusiasmo missionário que o levou a carregar uma pesada cruz, subindo uma estrada em subida, lá no bairro São Caetano em Salvador para dar início a uma nova casa religiosa?
Em Boa Nova, foi pároco exemplar enfrentando longas viagens fora da sede para atender as comunidades mais distantes. Além do Evangelho também repassava ao povo o que a modernidade oferecia naquela época como o cinema. Foi, porém, em Jequié que Pe. Hilário manifestou mais seus dotes de Padre, de catequista, de construtor de Igrejas. Foi ele que deu ênfase ao movimento legionário e ao Apostolado da oração que se tornaram as duas colunas de sua ação pastoral. Queremos também lembrar os grupos de Jovens como o Guvic e o Tolixtos de cujos grupos saíram varias vocações a vida religiosa e sacerdotal. O marco de sua presença em Jequié foi a construção da nova Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e da casa legionária. Ele foi o primeiro pároco do Jequiezinho nomeado pelo bispo de Amargosa. Ainda jovem, em 1975 com 65 anos , deixou a condução da paróquia a causa de suas doenças crónicas como a asma e as varizes. Causa os fortes remédios que tomava sofreu de depressão, que superava apegando-se a oração e ao atendimento espiritual de muitos que o procuravam no sacramento da confissão. Podemos dizer que se tornou o Confessor mais procurado da cidade de Jequié. Muitos recuperaram a fé e foram curados também fisicamente. Sua caridade se tornou proverbial: nenhum pobre saia de mãos vazias, chegando a atendê-los até altas horas da noite. Era o padre do terço. Foram centenas, milhares de terços que suas mãos fizeram ao longo dos anos e o que conseguia - com a venda deles - ajudar no atendimento aos pobres e até mesmo na construção de Igrejas comunitárias. Morreu em 08/06/2004. Seus funerais foram realizados na Igreja do Convento, hoje Santuário Jesus Crucificado. Sepultado no cemitério São Lázaro, depois de dez anos seus restos mortais serão transladados no próximo sábado dia 25/10 no Santuário Jesus Crucificados.
JN: Existe uma campanha na diocese de Jequié no intuito de beatificar o Pe. Hilário. Quais fôramos seus feitos em nossa cidade?
Pe. Pedro: Há tempo, nós passionistas, junto com o povo que o conheceu, desejávamos dar início a um caminho que chegasse ao reconhecimento da santidade de Pe. Hilário. O novo bispo de Jequié, Dom José Ruy, recolheu os anseios e nos pediu a darmos os primeiro passos para conseguir o reconhecimento da Igreja. Até agora, aprovada pelo Bispo, temos uma oração pedindo a Deus a Beatificação do Pe. Hilário. Como já disse, no próximo dia 25 haverá o translado do seu corpo ao Santuário. Os próximos passos serão a instituição de um primeiro processo diocesano, durante o qual serão ouvidos os testemunhos do povo que levarão o bispo a um reconhecimento oficial e ao recebimento do título de servo de Deus declaração. Depois disso será em Roma que se decidirá tudo. É um caminho bem longo. Será necessário neste caminho o reconhecimento das virtudes heroicas, da sua humildade, da caridade, do seu zelo missionário, da consideração que o povo tinha e ainda tem de sua santidade, da sua fé inquebrantável, da oração constante que o acompanhavam, da paciência em suportar por tantos anos suas doenças, por seu amor a Jesus Crucificado que se manifestava, também na celebração da Santa missa e no atendimento diário a dezena de pessoas. Por estar continuamente em oração, considero Pe. Hilário como um Moisés no alto da montanha intercedendo pelo seu povo de Jequié e pelos religiosos passionistas da Bahia.
JN: O que representaria a beatificação de Pe. Hilário para a Diocese Jequieense?
Pe. Pedro: Seria uma verdadeira exaltação não só para o Pe. Hilario, como para toda a diocese de Jequié, cuja criação se deve ao trabalho realizado pelos religiosos passionistas, e Pe. Hilário é um dos tantos que se dedicaram indefesamente a evangelização de suas áreas urbanas e rurais com Jequié, Boa Nova, Jitaúna Santa Inês, Brejões, Manoel Vitorino, Itagibá etc.
Com os passionistas devemos lembrar os frades capuchinos particularmente ativos em Jaguaquara e arredores. Se o trabalho que estamos iniciando produzirá seus frutos à diocese de Jequié terá mais um intercessor no céu, com o aval da Igreja (de fato já o é). Para Jequié fica um centro de espiritualidade como o Santuário Jesus Crucificado onde se espera a peregrinação de romeiros e romeiras. O povo cristão terá um modelo exemplar para manter viva a chama da Fé e a Diocese de Jequié um intercessor no céu.