Novo pres. da CDL Jequié, Antonio Trifino, dialoga muito bem sobre o comércio local.
17/04/2015
JN: Neste ano o senhor assumiu a presidência da CDL Jequié (2015-2017). O que compreende o seu plano de gestão?
Antonio: Assumimos há pouco mais de 15 dias a entidade e a nova diretoria já está se reunindo semanalmente para traçarmos as metas e planejarmos as ações para o ano de 2015. A princípio faremos uma pesquisa junto aos lojistas, traçando um diagnóstico do comércio local. É de suma importância uma maior proximidade do lojista com a entidade e consequentemente a valorização do associativismo. Vivemos nos dias atuais em uma sociedade extremamente individualista, competitiva. Cada um quer a todo tempo e a todo custo buscar apenas seu próprio interesse, mas as grandes conquistas da humanidade foram lutas de muitos e não somente de um. Juntos somos muito mais fortes. Uma das agendas para o ano em curso é a realização de um grande FORÚM DO VAREJO REGIONAL, evento esse que pretendemos envolver toda a região para se discutir os rumos do varejo local. Também já estamos trabalhando na campanha para o final de ano. A nossa intenção é, já no inicio do segundo semestre com a campanha definida, apresentar aos lojistas com a antecedência necessária para termos a participação de todos e fazermos uma grande campanha para incremento das vendas do fim de ano. Tentando assim recuperar as perdas do último ano que já foram bastante significativas.
JN: Vivemos um momento conturbado na economia nacional provocado por medidas do governo federal. Como você avalia o impacto dessas medidas no comércio de Jequié?
Antonio: É verdade, vivemos uma grave crise política que interfere diretamente e de maneira muito negativa na economia como um todo. Um clima de pessimismo permeia, fazendo com que o consumidor fique apreensivo quanto ao consumo. A inflação crescente, impulsionada pelos aumentos muito acima dos índices de inflação, como o exemplo dos combustíveis, energia elétrica e o dólar, além de uma carga tributária perversa. Fatores esses que estão diretamente ligados aos preços, repassado aos lojistas e ao consumidor final. É preciso estar atento, buscando sempre informações, preparados para traçar novas alternativas, se reinventar a todo tempo. Sermos cada dia mais profissionais para sobreviver no mercado, que por sua vez é extremamente competitivo. Reavaliando as estratégias de compras, comercialização, precificação, para manter o faturamento, a saúde da empresa e consequentemente os empregos.
JN: Quais são os pontos fortes do comércio de Jequié? E pensando agora no lado negativo, quais são os pontos fracos? E o que precisa ser feito para melhorar essas negativas?
Antonio: Nosso comércio avançou muito nos últimos anos do ponto de vista da modernidade, com lojas mais incrementadas, instalações bem feitas, climatizadas, fachadas bonitas e até na diversidade de produtos. Mas precisamos, e muito, avançar na questão de atendimento, e isso não se restringe a Jequié. Mas, se queremos nos diferenciar e nos destacar como um comércio forte e robusto, precisamos investir em qualificação do material humano. A fidelização dos nossos clientes se dá muito mais pela qualidade desse atendimento, do quão importante eles se sintam em nossos estabelecimentos, do que pela precificação em si. O cliente precisa se sentir encantado para ser fiel, esse desafio é enorme diante da realidade atual.
A CDL tem consciência dessa realidade, e pensando nisso, estamos firmando parcerias com o SEBRAE e a FDCL para trazemos cursos de capacitação para os lojistas e seus colaboradores, entendendo que toda mudança só se dará efetivamente partindo dos seus administradores. Mas, estamos confiantes que com trabalho árduo e a colaboração de todos avançaremos.
JN: Conforme informou a Prefeitura Municipal de Jequié, não haverá um grande São João na cidade - como em anos passados – apenas a Vila Junina. Qual a importância dessa decisão sobre comércio local? Qual a sua posição sobre essa situação?
Antonio: É lamentável essa situação, especialmente por vermos que não houve um planejamento antecipado da festa dentro da realidade da nossa economia. Não falo de uma festa gigante, nem cheias de atrações midiáticas, mas sim de uma festa previamente definida em tempo do turista, da população, das festas alternativas e especialmente o comércio poder se programar sabendo qual o tamanho do evento. O cenário atual não permite erros no planejamento de compras, isto pode custar à sobrevivência dos negócios, em especial os pequenos. O período junino compreende a segunda melhor data para o comércio local, então essa indefinição e a não realização da festa tradicional impacta, e muito, de forma negativa para a economia.