NATAL: A RAZÃO DO AMOR

26/12/2006

Natal é aquela época na qual reverenciamos o nascimento de Jesus Cristo. Comemoramos o maior fato de todos os tempos, quando Deus enviou seu filho único para semear amor na Terra. E é este amor que penetra, nestes dias, de forma especial e profunda, nos corações de pessoas de todo o mundo, fazendo deste um período ímpar do ano, quando aflora a paz celeste no semblante do ser humano. Ou ao menos deveria aflorar. Infelizmente existem fatos que nos deixam tristes, quando vemos que existem situações que fogem à regra, situações tão inóspitas que criam uma blindagem inexplicável, impedindo a impregnação do amor de Cristo. Não é preciso ir aos piores países africanos para vermos casos de extrema pobreza. Aqui mesmo em Jequié ainda vemos crianças e velhos remexendo em lixos em busca de alimentos, pessoas dormindo ao relento, sob as marquises, à própria sorte. No âmbito familiar, nos lares onde nada falta do ponto de vista de sobrevivência, muitas vezes falta amor, falta o bom senso do perdão, a compreensão do outro. Pequenos problemas vão se juntando e, mal resolvidos, muitas vezes dão origem a conflitos que afastam pais de filhos, irmão de irmão, fazendo de quem deveria ser o melhor amigo o mais cruel inimigo. Nestas horas, tenho certeza, Jesus Cristo não fica alegre. Porque será que as pessoas não entendem de uma vez por todas que em qualquer conflito de opinião não devemos culpar o outro, mas dividir a culpa, por mais certo ou errado que achemos que somos, e procurar encontrar um meio termo que permita uma convivência aceitável? Se assim agíssemos, veríamos quantos aborrecimentos evitaríamos. Conselho e água só devem ser dados a quem pede, assim diz o ditado popular. Mas mesmo assim arrisco um conselho para aquele que se acha em conflito familiar, amoroso ou existencial: olhe pra dentro de si mesmo, buscando o seu eu, a sua finalidade. Faça o que seu coração pede, e não o que a razão determina. Claro que o ideal é dosar a emoção com a razão, mas nunca deixar esta dominar completamente aquela. Porque a razão, sozinha, é muito matemática, muito preto no branco. Ela visa apenas o correto, o não sofrimento. Como se a vida fosse um tabuleiro de xadrez, onde a única meta é dar o cheque-mate, não importando quantas peças devam ser derrubadas. E depois que se consegue ganhar o jogo da busca, do sucesso profissional ou financeiro, vem a grande pergunta: e daí? Com que quem vai comemorar a chegada? Aproveite, portanto, esta época onde o amor procura reinar, comece a ajudar seu semelhante mais carente e perdoe mágoas passadas. Jogue fora o rancor, dê um abraço forte e verdadeiro em quem por este abraço espera e procure recomeçar uma vida sob a ótica da mensagem de Jesus. Cristo: a razão do amor. Ivonildo Calheira