Mídia e Educação: uma relação conflituosa. Por Lucas Ribeiro.

28/10/2010

É forçoso observar as relações entre a mídia e o complexo e multifacetado campo da educação, que assim como outras instituições sociais: família e igreja, por exemplo, vem perdendo drasticamente sua função e notoriedade no processo de formação das identidades individuais. As escolas passam despercebidas pelo atravessamento dos símbolos midiáticos em sala de aula e os professores tendem a subestimar a importância dos “mitos televisivos” na vida dos estudantes, por não interagirem com os mesmos, julgando-os indevidamente. O fato é que, “tais leituras deixam de caracterizar a complexidade de apropriação dos conteúdos dos produtos da indústria cultural” Setton (2002). Sendo preciso então, por partes dos educadores, um vínculo mais intrínseco, com os esquadriamentos estéticos e comportamentais da mídia. É o do professor, mais do que qualquer outro agente social, a obrigação de provocar nos nossos jovens, uma reflexão frente a essa realidade. Quando Berger afirma que: “as instituições proporcionam métodos pelos quais a conduta humana é padronizada, obrigada a seguir por caminhos considerados desejáveis pela sociedade” (1986), discordamos: pois essa teoria parece meio anacrônica aos nossos olhos, tendo em vista que a mídia não admite a intromissão de instituições fundamentalistas (família, escola e religião) no que concerne a elaboração do ideário de seus símbolos e objetos. Na verdade, ela instrumentaliza as pessoas com os mais sofisticados mecanismos de falseamento para que elas consigam burlar as regras institucionais e possam, com segurança, gozar dos efêmeros prazeres da modernidade. “Em tempos de internet, quando vivemos a cultura do ciberespaço, a cultura da mídia, é preciso repensar também o espaço da escola e da mídia na produção de sentidos” Schmidt (2006). Entretanto, embora as escolas estejam cada dia mais equipadas com aparelhos tecnológicos como tevê, DVD e computadores conectados a internet, podemos facilmente perceber a incipiente produção de conteúdos que, atualizados com as novas linguagens, possibilite uma integração mais consciente dos nossos jovens aos novos adventos da modernidade. É preciso que a relação entre escola, indivíduo e família esteja associada aos novos paradigmas instituídos pelo campo midiático, “não é uma relação dinâmica entre subjetividades, mas uma dinâmica criada pela relação que esses sujeitos constroem na totalidade de suas ações e experiências, objetivas e subjetivas, que mantém uns com os outros”, Setton (2002). A formação da identidade de um individuo sempre esteve ligada aos mecanismos que o alimentam simbolicamente, numa visão psicanalista, levando-se em consideração as ideias de Melane Klein, poderíamos pensar nos seios maternos como os primeiros responsáveis por esta construção simbólica, evoluindo para o momento em que a criança passa a ter uma idéia mais totalizante da mãe e conseqüentemente, do pai. Daí em diante, nada é tão fundamental quanto o ambiente escolar, por isso, este precisa está amplamente sintonizado com as transformações sofridas pela sociedade, afim de que construa identidades que tragam, no âmago de sua gênese, as singularidades subjetivas do sujeito. Lucas Ribeiro Estudante de psicologia V semestre - FTC (Faculdade de Tecnologia e Ciências)