Maestro Mário Thiago fala sobre a Orquestra Clássica Popular de Jequié.
31/10/2015
JN:Muitas pessoas não sabem que em Jequié existe uma orquestra clássica. Fale um pouco sobre a história do grupo.
Mário Thiago: A Orquestra Clássica Popular de Jequié tem como finalidade resgatar a cultura musical em nosso município, com pretensões de expansão e buscando fixar cada vez mais o movimento musico-cultural da região do Médio Rio das Contas e adjacências. A nobre ideia de formar uma orquestra na cidade surgiu quando tive o convite de Adriano Cenci para conhecer o projeto Neojiba, sediado em Salvador, onde tive aula de capacitação para formação de orquestra. Vendo aquela beleza de orquestra pensei: vou criar uma em Jequié! Fiz o convite a cada músico da cidade falando da proposta, e todos os selecionados acreditaram na ideia de renovação musical. Eu fiquei responsável pela coordenação dos instrumentos de sopro e também como maestro, e em parceria com Caio Costa, violinista, responsável pelo grupo das cordas, juntamos ideias, agregamos conhecimentos e demo início aos trabalhos da orquestra.
JN: Vocês recebem algum apoio por parte de órgãos públicos ou privados?
Mário Thiago: Não recebemos nenhum apoio financeiro por parte de órgãos públicos ou privados, a única ajuda nos dada é a questão da sala de música que nos é cedida pela diretoria do CEEP Regis Pacheco, onde ensaiamos para as apresentações. Vale salientar que quando estão sendo aplicadas as provas do CPA na instituição nos é solicitada uma pausa dos ensaios.
JN: Para você, o que falta para a população se interessar pela música erudita?
Mário Thiago: As pessoas de Jequié vão muito pelo que a mídia promove, eles não têm interesse em procurar novidades que não estão expostas, sabe-se lá por comodismo ou por falta de interesse pela cultura em geral.
Falta a mídia mostrar as músicas orquestradas, como por exemplo, a grande Orquestra Tabajara tocar nas rádios - uma referência da música erudita brasileira - fazendo desta forma que outros gêneros musicais apareçam para a população.
JN: Num mundo onde a musicalidade atual é tão banal e massificadamente
difundida, o que fez surgir a vontade de criar a orquestra?
Mário Thiago: Trabalho com iniciação musical de crianças jovens em escolas do município. Pensei na realização de um projeto no intuito de incentivar o gosto por esse estilo musical, foi quando montei uma orquestra mirim no bairro Brasil Novo, no Colégio Joaquim Marques Monteiro. A grandeza de ver crianças, adolescentes e jovens serem conduzidos a um caminho de tão nobreza quanto é a música não tem preço. Essas pessoas passam por diversas dificuldades e dentre elas há um risco de envolvimento com drogas, criminalidade e outras situações de vulnerabilidade social. Para mim é gratificante dar aulas e ver o resultado não só nas apresentações, mas nas notas das avaliações escolares, no lado pessoal e profissional que cada um está se tornando.
Veio uma vontade de repassar meus conhecimentos musicais para o melhoramento pessoal de cada um, respeitando sua diversidade, seu tempo e seu aprendizado.
JN: Para quem quiser conhecer o trabalho de vocês, como fazer?
Mário Thiago: Nossos ensaios eles acontecem todas as segundas e quartas-feiras a partir das 18:30 na sala que fica no acesso lateral do estacionamento do CEEP Regis Pacheco, antigo IERP, na rua 15 de Novembro – Campo do América. Que quiser nos prestigiar apareça. Estaremos de braços abertos esperando a todos os cidadãos de Jequié e região.