Greve no ensino municipal: Caroline Brito, diretora da APLB Jequié, fala conosco.

01/06/2014

(APLB - Associação dos Professores Licenciados do Brasil) JN: Qual avaliação que você faz do atraso que acontece neste momento no ensino de tantos jovens jequieenses? Caroline: O problema do ensino em Jequié não pode ser resolvido no âmbito do microcosmo da escola e do esforço individual do professor. O governo tem reduzido a resolução dos problemas do ensino em termos operacionais, ao voluntarismo. “Humanização da Escola”, “Amigo da Escola”, “Escola para Todos” são termos que reforçam que cabe a comunidade e aos professores resolverem os problemas da educação. As ideias vinculadas ao professor esforçado, voluntarioso, feliz, decidido a resolver os problemas da educação não condiz com a realidade. Educação não é auto-ajuda. Os problemas educacionais não podem ser resolvidos só apenas no âmbito do individuo, da comunidade e do esforço pessoal do professor. O problema da educação é antes de tudo um problema político, social e principalmente, um problema que precisa de investimento e que seja prioritário dentro da plataforma de qualquer governo. JN: Quais são as divergências que existem entre as propostas da APLB e da Prefeitura Municipal de Jequié? Caroline: O que a APLB Sindicato, com o aval da categoria, tem defendido é o cumprimento da lei federal do piso e do plano de carreira do magistério municipal. O nosso posicionamento é a discussão de como viabilizar o cumprimento dessas duas leis. O grande problema é que o governo municipal apresentou uma proposta onde parcela o piso e não cumpre integralmente o art. 20 do plano de carreira. A categoria defende que o piso é a base da remuneração e não aceita que venha a ser dividido. Também por questão da preservação e respeito a carreira não aceita o descumprimento da lei municipal que a regulamenta. JN: Sob outros aspectos - como, por exemplo, a saúde e a educação - qual avaliação você faz do governo Tânia Brito? Caroline: Posso emitir uma opinião a respeito da educação municipal porque é o contexto onde nós profissionais da educação estamos envolvidos, e com toda segurança afirmo que para a educação municipal, o governo ainda não disse para que veio. O que está faltando é a marca do governo na educação, e não apenas colocar em prática programas federais e estaduais. Qual a marca deste governo na educação? O que temos vivenciado é a distribuição dos cargos de gestores escolares para cumprir acordos políticos, cargos esses ocupados, em grande número, por pessoas de fora do quadro efetivo do magistério, que muitas vezes não tem uma vivência consistente na educação pública, essa situação para nós trabalhadores da educação é um retrocesso. Além do que, estamos com dificuldade em manter a valorização do magistério através do respeito e cumprimento do Plano de Carreira do Magistério. Ainda estamos no aguardo do avanço prometido nos discursos de palanque para fazer valer uma educação municipal de qualidade. JN: Na sua visão, a proposta será aceita? É bom salientar que não há por parte de nós profissionais da educação municipal nenhuma intransigência ou radicalismo quando defendemos o cumprimento da Lei Federal do Piso e o cumprimento do nosso Plano de Carreira, porém o Governo Municipal insiste em negar aos professores os seus direitos garantidos nessas legislações, por isso ainda estamos em greve. Temos plena consciência das consequências que traz uma greve ao desenvolvimento do ano letivo, mas nos comprometemos a negociar a melhor forma de minimizar tais impactos na vida escolar dos estudantes, razão maior da nossa missão de educador.