Fulano de onde? Por Patrícia Gomes.

01/09/2008

Patrícia Souza Gomes - Especialista em Gestão de Pessoas. Viver num mundo globalizado e ainda assim conseguir manter um bom nível nos relacionamentos, nos contatos, é um desafio e tanto nos dias de hoje. O tempo sempre muito corrido onde expressões do tipo “não se pode perder tempo”, “tempo vale ouro”, são constantes na atualidade e tem levado cada vez as pessoas a simplificarem as coisas. Dessa necessidade de facilitar algumas coisas é que surge um tipo de tratamento um tanto quanto simplificado, automatizado ou até eletrônico, muitas vezes esquecendo que o outro lado da relação, do contato ou da ligação existe uma pessoa e não apenas um componente de uma organização ou empresa. Exemplo claro dessa situação é quando você liga para uma empresa, se identifica e automaticamente vem a pergunta “fulano de onde?”. Um dia cheguei a responder: da minha casa...! Então a telefonista insistiu: “de onde?” “de qual empresa?” E isso não acontece apenas nessa empresa, é quase uma ditadura, um padrão. A impressão que se tem é que passaram pelo mesmo treinamento, se é que se pode chamar a isso de treinamento. Na verdade não passa de uma cultura erroneamente copiada e disseminada pela grande maioria das empresas. O que está acontecendo com as pessoas? Perderam suas identidades? Até bem pouco tempo atrás a maneira mais precisa de se identificar era através do próprio nome ou sobrenome, ou ainda pelo nome dos pais, tudo muito bom... Mas hoje, se você não faz parte do quadro funcional de uma empresa, você não existe. E o que fazer então os desempregados, os aposentados, os autônomos? Toda essa situação precisa ser revista. É bastante louvável “vestir a camisa da empresa”, mas sem perder a sua identidade, sua individualidade, mesmo por que nem sempre se consegue trabalhar a vida inteira numa única empresa. Muitas vezes quando isso acontece essas pessoas acabam por perder realmente a sua identidade e a empresa passa a ser seu sobrenome ou até nome, mas aí é outra situação, o profissional escolheu ser assim ou ao menos aceitou ser assim. O que não deve acontecer é a pessoa ser banida do direito de se identificar através do seu nome, mesmo que seja numa simples ligação telefônica. Diante desse fato, necessário seria que os dirigentes, gerentes de RH, ou seja qual for a denominação que se dê a quem lidera essas pessoas, que façam uma reflexão sobre seus relacionamentos comerciais, ou então que passem todos por uma resignificação quanto ao trato com as pessoas. Ainda que, como dita a tal globalização que a intenção seja facilitar as coisas, a boa intenção não leva à nada, o que vale mesmo é partir para a ação!