Esquema de fraudes no sistema de transporte intermunicipal intensifica conflito entre PT e PMDB.
26/11/2009
A mesma gordura tratada como assunto de saúde pública virou responsável também pelo acirramento dos conflitos entre dois ex-aliados na política baiana. A guerra entre petistas e peemedebistas foi intensificada após a inclusão do presidente do PMDB baiano, Lúcio Vieira Lima, e de outros líderes do partido no mandado judicial da Operação Expresso, montada para apurar um esquema de fraudes no sistema de transporte intermunicipal.
Lúcio reagiu na quarta-feira (25) com veemência às referências feitas no mandado expedido pela juíza Ivone Bessa Ramos, titular da 1ª Vara Especializada Criminal de Salvador. Nele, o irmão do ministro Geddel Vieira Lima é apontado como “Gordo”, “Gordo Jovem” ou “Gordinho”, citações que aparecem em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. “Não sou o único gordo da Bahia”, ironizou.
Nas investigações que embasaram a determinação judicial, o “Gordo” seria o provável destinatário de propinas pagas por donos de empresas de transporte em troca de favorecimentos ilícitos na Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba). O órgão esteve, até agosto, sob o comando de um aliado de Geddel, Antonio Lomanto Netto, um dos sete presos na operação.
Outro político do PMDB apontado como provável participante do esquema é o também gordo Almir Mello Júnior, secretário de Transportes e Infraestrutura de Salvador, que nega envolvimento no esquema.
Acusações
Em nota enviada à imprensa, o PMDB classifica a operação como perseguição política. “A ação promovida pela Polícia Civil sob a orientação do governador Jaques Wagner e do secretário de Segurança Pública, César Nunes, teve objetivo meramente político e tentou atingir o PMDB. Tentou, mas não conseguiu”, disse o partido.
Por meio de sua assessoria, o deputado estadual Ronaldo Carletto (PP) - cujo irmão, o empresário Paulo Carletto, também foi preso -, disse que a operação foi “pirotecnia para desviar o foco da atuação do governo na área de segurança pública”. O parlamentar, que é da base do governo, informou ainda que colocará à disposição da Justiça os sigilos fiscal e bancário do Grupo Brasileiro, do qual é sócio.
Revide
O governador Jaques Wagner voltou a rebater as acusações de motivação política. De acordo com seus assessores, Wagner justifica que a ação também atingiu um dos partidos aliados do PT, o PP de Carletto. “(Alegar perseguição) é o movimento mais fácil para quem quer sair pela tangente”, afirmou.
Segundo Wagner, a operação surgiu a partir de denúncias de uma funcionária da Agerba. Ele garantiu ainda que mandará investigar indícios de corrupção mesmo que envolvam o PT, uma das críticas feitas pelo PMDB na nota à imprensa. É apenas uma alfinetada na batalha campal que se criou entre os partidos.
Fonte: Correio da Bahia
OPERAÇÃO EXPRESSO: ENTENDA O CASO.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP), por meio da Polícia Civil, cumpriu sete mandatos de prisão e outros 16 de busca e apreensão, dentro da Operação Expresso, deflagrada nesta terça-feira (24), em Salvador e Itabuna. Conforme esclarecimentos prestados durante coletiva à imprensa, na sede da SSP, no mesmo dia da operação, as investigações desarticularam um esquema de transferência irregular de linhas municipais e intermunicipais de ônibus, dentro da Agência de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba).
De acordo com o secretário de Segurança Pública, César Nunes, as investigações foram empreendidas há cerca de cinco meses, coordenadas pelo delegado Marcelo Sanfront.
Entre os detidos em Salvador, estão os ex-diretores da Agerba, Antonio Lomanto Netto e Zilan da Costa e Silva, o presidente da Associação das Empresas de Transporte Coletivo Rodoviário do Estado da Bahia (Abemtro), Décio Sampaio, além dos empresários Ana Dosinda Penas, da Expresso Alagoinhas, e José Antonio Marques, da viação Planeta.
Em Itabuna, foram presos os suspeitos Paulo César Carletto e Ana Luzia Doria. Todos os detidos foram encaminhados para Coordenação de Operações Especiais (COE), da Polícia Civil, onde permanecerão detidos, inicialmente, por cinco dias prorrogáveis.
Segundo Nunes, são vários casos em investigação, entre eles, o da empresa Catuense, que transferiu as linhas para a Expresso Alagoinhas e para a Planeta e, agora, estava passando para outra empresa, a Rota. “Tudo isso em um processo irregular, em que houve favorecimento e pagamento de propina para que se consumasse a ação”, afirmou. Neste caso específico, a Rota comprou a transferência das linhas por R$ 4 milhões, pagando R$ 400 mil em propina.
O esquema de corrupção consistia na transferência de concessões de linhas de ônibus pertencentes ao Estado de uma empresa para outra, sem o devido processo licitatório. Assim, empresas sem capacidade operacional, com dívidas, multas e documentação irregular, vendiam suas concessões a outras empresas, que pagavam o valor cobrado, destinando 10% à propina cobrada pelos ex-funcionários da Agerba.
O secretário afirmou que a fase repressiva da Operação Expresso teve fim na terça-feira e que não há mais possibilidade de novas prisões. Agora, as investigações serão concentradas na análise dos computadores e documentos apreendidos. “Ainda temos muito que investigar. Vamos fazer análises financeiras, apurar outros contratos e concessões realizadas e correr atrás do rastro do dinheiro, com a quebra de sigilo bancário e fiscal dos envolvidos”, informou Nunes.
Fonte: Agecom Bahia
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