JN: Eduardo, sobre o seu cultivo sem agrotóxicos qual o impacto que você acredita que vai gerar sobre a saúde da população?

Eduardo Pires: Nosso cultivo lá na Seyva é através da técnica de Agrofloresta e Agricultura Sintrópica, que é a combinação de árvores de reflorestamento com plantas alimentícias, seguindo toda a cadeia de vida que existe dentro de uma floresta. Então, não é só cultivar sem agrotóxicos, a Agrofloresta e a Agricultura Sintrópica tem todo um processo que abrange a preservação da natureza, alimentos para várias espécies... Desde o ser humano às bactérias e fungos, aumento na produção de oxigênio e captação de gás carbônico através da fotossíntese das novas árvores, produção de água com os renascimentos de nascentes, geração de renda para as comunidades rurais onde irão aprender a produzir diversos alimentos com qualidade e abundância.

E é esse o impacto que planejo!

JN: Alimento sem agrotóxicos é 100% natural? Explique um pouco mais sobre isso?

Eduardo Pires: Os agrotóxicos foram criados para ajudar no abastecimento da população mundial, tornando os alimentos mais duráveis e resistentes as pragas e tornando a produção de alimentos mais rentáveis e com menos riscos. Então, poderemos dizer que os alimentos sem agrotóxicos são os alimentos que produzem suas próprias características sem auxílio de produtos químicos.

Fazendo uma analogia com o ser humano, poderemos citar os atletas que tomam anabolizantes, ficam fortes com uma ajuda extra e os atletas que não usam desse tipo de ajuda, produzirá a mesma força e com mais vigor, pois estão passando por todas as fazes de constituição daqueles músculos, sem atalhos.

JN: E a chuva? É possível medir o seu grau de impurezas?

Eduardo Pires: Sim, a tecnologia de hoje já pode fazer várias análises. Mas, é tudo um ciclo, como, por exemplo, as chuvas ácidas que são um fenômeno que ocorrem quando alguns elementos químicos poluentes tipo enxofre são lançados no ar pelas fábricas, vão às nuvens e ao caírem no solo pelas chuvas os contaminam.

JN: Quanto ao controle de pragas, como se pretende manter a estrutura do cultivo sem agrotóxicos que são apropriados para essa função?

Eduardo Pires: A Agrofloresta e a Agricultura Sintrópica trabalha com a observação e manejo da biodiversidade através dos níveis de estratos onde o Sol é um dos nossos maiores desinfetantes. Trabalhamos com as podas na qual as mesmas servem para cobrir o solo e estimular a criação de uma cadeia sustentável e de ajuda mútua entre as espécies que vão adubar o solo e criar alimentos e predadores que vão evitar que as espécies não desejadas tenha espaço naquele local.

JN: Qual alerta você deseja deixar para a comunidade agrícola e a população geral?

Eduardo Pires: Se todos nós olhássemos a natureza como uma fonte inspiradora, iríamos aprender que fazemos parte de uma engrenagem que iria deixar as nossas vidas cada vez melhores!