Delegada Alessandra Pimentel fala a todas as mulheres que sofrem com a violência familiar.
18/09/2008
JN: Existe algum quadro estatístico da nossa cidade retratando o processo evolutivo da violência contra a mulher de tempos anteriores até os dias atuais? Se sim, existiu uma evolução ou retrocesso?
Dª. Alessandra: Não, mas com certeza houve retrocesso, uma vez que as mulheres estão conhecendo os seus direitos e se conscientizando que o melhor caminho é a denuncia. Por exemplo, apesar de a DEAM (Delegacia Especial de Atendimento à Mulher) não ter sido inaugurada, nós atendemos em média dez mulheres e fazemos três audiências por dia.
JN: A Lei Maria da Penha é muito importante para todas as mulheres que sofrem violência doméstica. É possível saber por que há tantas mulheres que ainda sofrem com esta brutalidade na família e não procuram ajuda?
Dª. Alessandra: São vários os motivos, e o principal deles é porque as mulheres acreditam ou querem acreditar que a violência não vai acontecer mais, puro engano, pois a violência é um ciclo; primeiro vem as ameaças e depois a agressão física, podendo chegar ao homicídio, além dos problemas sociais e culturais, como, por exemplo, o alcoolismo e a sociedade patriarcal e sexista.
JN: Destaque para nós as principais sanções que os agressores receberam pelo ato violento.
Dª. Alessandra: Com a sanção da Lei 11.340/06, o agressor pode ser preso em flagrante delito ou, se for do entendimento da autoridade policial, representar pela prisão preventiva. Ademais, não existem mais acordos e nem tão pouco pagamento em cesta básica ou multas, o que ocorre é a aplicação da pena. E, é bom deixar claro que o crime de lesão corporal seja de que grau for não precisa da vontade da vítima, uma vez que a ação passou a ser pública incondicionada.
JN: Neste espaço a senhora poderá informar a todas as mulheres que ainda sofrem com esta situação, como poderão fazer para se opor a esta condição desumana.
Dª. Alessandra: Claro, a mulher que se sentir agredida pode se dirigir a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher localizada na rua 15 de novembro, n.° 80, no centro, ou ligar para o número do disque-denúncia através do 180. A ligação é gratuita, podendo ser feita inclusive de telefone público, terá atendimento 24 horas por dia, bem como nos finais de semana e feriados, e não precisa se identificar.