Consumidores devem preparar o bolso para novo aumento da gasolina na Bahia.

08/04/2019

Donos de postos de combustível e consumidores devem começar a organizar o orçamento, porque é esperado novo aumento no preço da gasolina, indicado por uma alta de 5,6% do valor do produto nas refinarias de petróleo.

De acordo com o Sindicombustíveis Bahia, o preço do combustível nas refinarias atinge o maior nível dos últimos 5 meses, sendo vendido aos distribuidores por R$ 1,94 o litro, sem a incidência de impostos, como Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Cide, Pis e Cofins. Para o sindicato, este é o maior valor do produto desde 30 de outubro de 2018.

No entanto, conforme explicado pelo Sindicombustíveis, não é possível estimar quando o novo valor vai chegar nas bombas dos postos, pesando diretamente no bolso dos consumidores.

Mesmo assim, o presidente do sindicato, Walter Tannus, afirmou que a recente política de preços adotada pela Petrobras tem “massacrado o empresariado e o consumidor”. Ele acrescentou que “os donos de postos de combustíveis vêm sofrendo com a redução do consumo e do volume de vendas, enquanto os consumidores tentam economizar ao abastecer para adequar o orçamento familiar”.

Segundo a Petrobras, não há como controlar os aumentos nas refinarias, uma vez que eles dependem de fatores externos. “A política de preços para a gasolina vendida às distribuidoras tem como base o preço de paridade de importação, formado pelas cotações internacionais deste produto mais os custos que importadores teriam, como transporte e taxas portuárias, por exemplo”.

Ao levar em consideração que o repasse dos preços dos combustíveis da Petrobras para a bomba depende de diversos fatores, como margens da distribuição e revenda, impostos e misturas de biocombustíveis, o CORREIO elaborou uma série histórica dos aumentos nos quatro primeiros meses de 2019, até 4 de abril, conforme dados abertos da Agência Nacional Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Dados da ANP apontam que, de janeiro a março, o preço médio da gasolina nas refinarias aumentou em 21,5%. O CORREIO analisou o aumento médio do produto na Bahia e em Salvador e constatou que a alta foi de 17,3% e 16,8%, entre preço de distribuição e venda, respectivamente - ambos acima da média nacional, que foi de 0,4% no período.

Desta forma, os preços no estado e na capital acompanharam a variação das refinarias durante os três primeiros meses do ano, indo na contramão do cenário nacional. A alta aconteceu tanto em relação ao valor de distribuição quanto nos preços nos postos, podendo-se concluir que, com a nova alta de 5,6% registrada na última sexta-feira (5), empresários e consumidores devem preparar o bolso.

Apenas para esclarecer o processo, a gasolina vendida às distribuidoras é diferente do produto no posto de combustíveis. Nas distribuidoras s etem o tipo A (gasolina antes da sua combinação com o etanol e diesel, também sem adição de biodiesel). Já nos postos, o produto sofre a adição do combustível tipo A misturado a biocombustíveis.

Cenário baiano
Na primeira semana de abril, até o dia 4, o município baiano que registrou maior variação entre o preço médio de distribuição e aquele repassado ao consumidor foi Brumado, no sudoeste, com alta de 20% sobre o valor da gasolina comum. Enquanto o preço médio na distribuidora era de R$ 4,036, o consumidor pagava nas bombas o valor de R$ 4,843 por cada litro do produto.

Atrás estavam Valença (19,96%), Guanambi (18,74%), Eunápolis (18%) e Teixeira de Freitas (17,59%). A capital baiana aparece com variação média de 13,6% - com preço nas distribuidoras de R$ 3,956, enquanto os consumidores pagavam, nos postos, R$ 4,494.

Ao analisar a variação incidente entre o preço repassado pelas distribuidoras aos postos e os valores pagos nas bombas pelos consumidores, o CORREIO detectou que, na Bahia, a variação média, entre 1º janeiro e 4 de de abril de 2019, foi de 16,7%, enquanto, em Salvador, foi de 15,91%. Isso significa que os consumidores já estão, a cada semana, pagando um pouco mais pela gasolina comum.

No dia 4 de abril, por exemplo, os maiores preços médios de revenda da gasolina foram registrados nos municípios de Porto Seguro (R$ 4,965), Brumado - (R$ 4,843) e Salvador (R$ 4,494). Já os menores, em Serrinha (R$ 4,368), Teixeira de Freitas (R$ 4,499) e Lauro de Freitas (R$ 4,538).

Na capital baiana, no mesmo período, a ANP registrou maior variação em um posto Shell de Brotas, onde a gasolina comum era comercializada por R$ 4,52, uma alta de 17,92% sobre o preço praticado na distribuidora. Em segundo lugar aparece no Posto Gameleira da Suburbana, de bandeira BR, que vendia gasolina comum a R$ 4,59, enquanto o preço da distribuidora era de R$ 3,905 (aumento de 17,54%).

Já as menores variações de preço para o produto foram encontradas em um posto no bairro de Valéria, com valor na bomba de R$ 4,12 e na distribuidora de R$ 4,02 (4,23%), no posto Novo Bairro, no Itaigara, que vendia a gasolina a R$ 4,39 e comprava a R$ 4,039 (8,69%), além do ABO Posto de Cajazeiras, com venda de R$ 4,49 e compra de R$ 4,105 (9,38%).

Álcool ou gasolina?
Já quem tem automóvel na versão flex, quando vê o preço da gasolina em alta, sempre se pergunta se abastecer com etanol é mais vantajoso. O coordenador e professor do curso de Engenharia Ambiental e Engenharia de Produção Química, Ricardo Magalhães, explicou como fazer o cálculo da proporção.

“Em termos de rendimento, o litro da gasolina por etanol é de 70%. Se com a gasolina, o motorista roda 10 km por litro, com o etanol ele vai rodar 7 km. Então, é só pegar o preço do etanol e dividir pelo valor do litro da gasolina. Se esse resultado for menor que 0,7, é mais vantagem abastecer com álcool. Se for maior, a escolha é a gasolina”.

Entre encher o tanque ou ficar na reserva, Ricardo recomendou não deixar que o carro chegue muito abaixo do limite. “Como o tanque fica sujo, isso acaba influenciando no entupimento da bomba de combustível. O tanque não precisa estar sempre cheio, mas, assim que chegar na reserva, é necessário abastecer”, explicou. É exatamente isso o que faz a autônoma Ana Reis, 56 anos. “Meu carro jamais entra na reserva. Acho perigoso. Às vezes, já na metade do tanque eu volto a completar”, disse.

Outra dúvida do consumidor é se pode ou não abastecer sempre o veículo com etanol. O engenheiro mecânico Lourenço Gobira Alves, doutor em Engenharia Mecânica e professor e chefe do departamento do curso na Universidade Federal da Bahia (Ufba), explicou que uma “pessoa pode andar sempre com o álcool". Disse ainda que "quem vai agradecer é o meio ambiente, pois vai poluir bem menos o ar”.

Confira dicas de como economizar gasolina

  • Aceleração: Nada de acelerações bruscas. Acelere gradualmente, tanto para segurança quanto para economizar. Respeite os limites de velocidade. Um carro consome cerca de 20% a mais quando está a 100 km/h do que quando está a 80 km/h.

  • Freio: Não deixe para frear o veículo com força já em cima do sinal de trânsito. Além de economizar combustível, vai poupar a pastilha de freio.

  • Uso do freio motor: Faça uso do freio motor em declives acentuados. Lembra da famosa “banguela”? Além de ser uma atitude perigosa, a ação não representa economia nos carros atuais, pois quando paramos de acelerar em um declive, a injeção eletrônica identifica que não é preciso aceleração e corta o combustível.

  • Marchas: A troca de marcha faz muita diferença no consumo, por isso não estique as marchas sem necessidade. Procure fazer as trocas em rotação adequada: se o carro tem conta-giros, tente fazer com que o motor trabalhe em rotação próxima ou um pouco inferior à do regime de torque máximo. Evite que o ponteiro chegue perto da rotação de potência máxima. Um carro a 40 km/h não pode estar em 5ª marcha, ou chegar a 100 km/h em 2ª marcha.

  • Abastecimento: Só abasteça em postos confiáveis e conhecidos. Os carros rendem a mesma coisa com a gasolina comum e a aditivada - a diferença está apenas na limpeza que a segunda  faz no motor.

  • Ar-condicionado: Muito se fala que o ar-condicionado aumenta o consumo. No passado, realmente isso acontecia, mas os compressores modernos já não exigem tanto esforço do motor. As janelas fechadas melhoram a aerodinâmica e, consequentemente, o consumo cai.

  • Revisões: Faça revisões e manutenções preventivas e verifique, em especial, o estado das velas e o funcionamento da injeção eletrônica. O alinhamento das rodas é fundamental para a aerodinâmica do carro. Automóvel alinhado economiza combustível.

  • Pneus: Pneus murchos ou com a calibragem errada influenciam diretamente no consumo. A calibragem deve ser feita, no máximo, a cada 15 dias, seguindo as orientações das montadoras para pressão. Os pneus podem ser responsáveis por até 20% do consumo de combustível.

  • Rotina: Analise a necessidade de fazer tudo com o carro, alterne o uso com transporte público ou aplicativos, além, de tentar organizar esquemas de carona. Pode valer a pena.

 

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