Baiano Isaquias Queiroz conquista mais um ouro nos Jogos Pan-Americanos.

14/07/2015

"Só nasce um Ayrton Senna, um Ronaldinho, um Usain Bolt. Ele é desse tipo", diz primeiro treinador do brasileiro. No K1 200m, Edson Isaias fica com a prata Nem a chuva forte, que apertou ainda mais na hora de sua prova, nem os adversários, nem a torcida a favor dos canadenses... Nada parou Isaquias Queiroz. Após conquistar uma prata com Erlon Silva no C2 1000m e o primeiro ouro da história brasileira nos Jogos Pan-Americanos na segunda-feira no C1 1000m, a fera da canoagem velocidade se consagrou em seu primeiro Pan ao subir novamente no topo do pódio, nesta terça. Desta vez, a prova foi o C1 200m. Na prova curta, o baiano disparou nas águas de Welland, no Canadá. O atleta de 21 anos largou atrás, deu um sprint final e passou todo mundo, completando a prova com o tempo de 39s991 - a prata ficou com Jason McCoombs, do Canadá, com 41s333, e o bronze com Arnold Rodriguez, de Cuba, com 41s459. A arrancada, embalada pelo vento, gerou brincadeiras sobre o estilo de Usain Bolt. - Até dá para fazer uma comparação sim (risos). Mas tenho que me preparar muito ainda para chegar aos pés daquele deus da corrida. Estou firme na preparação e espero conseguir continuar tendo resultado nos meus treinamentos. Para mim, as medalhas significam que o trabalho está sendo feito. A satisfação é muito grande de ajudar o Brasil, somos uma nação inteira, um time só, então fico muito feliz. Agora é manter o foco - comentou o brasileiro. O recorde mundial da prova é 38s137, do ucraniano Iurii Cheban. O tempo foi registrado durante o Mundial da categoria, disputado em agosto de 2014, em Moscou, na Rússia. Ex-técnico de Isaquias em Ubaitaba, no sul da Bahia, onde nasceu e cresceu, Figueroa Conceição afirmou que Isaquias é um atleta do calibre do jamaicano. - Só nasce um Ayrton Senna, um Ronaldinho, um Usain Bolt. Ele é desse tipo. Não tem tempo ruim para ele. Isaquias afirmou que a ventania ajudou no Canadá. - Eu e meu treinador (Jesús Morlán) estávamos até conversando disso antes, do vento... Como eu não treino o C1 200m, minha saída é devagar. É sempre ruim. Acho que o vento me favoreceu. Se treinar bastante, não tem sol, chuva, não tem tempo ruim - disse. Marca registrada da canoagem brasileira por seu estilo único, o “Maluco Beleza” tem, além das três medalhas no Pan de Toronto, dois títulos mundiais no C1 500m, prova não-olímpica, um ouro e uma prata no Mundial de Velocidade júnior em Brandenburg, na Alemanha, em 2011, e dois bronzes no Mundial adulto, em Duisburg 2013 e Moscou 2014. Isso com apenas 21 anos. Sem um rim, o atleta do Club Athlético Paulistano saiu de Ubaitaba, interior da Bahia, onde deu duro na infância. Era cuidado pelos irmãos em casa, já que a mãe passava o dia na rodoviária como servente. Aos três anos, sofreu queimaduras em um acidente doméstico, e o médico disse que iria morrer. Sobreviveu. Aos cinco, foi sequestrado, mas voltou aos braços da mãe. Aos 10, caiu de uma árvore, teve uma hemorragia interna e perdeu um rim. Começou na canoagem um ano depois. No início, era uma brincadeira. Mas viu que poderia ser profissional. Treinou, treinou, treinou e, somado ao talento inato, se tornou um vencedor. Hoje, é "fominha de medalhas". - A gente sempre quer, né? Eu cheguei aqui no Canadá para ficar com três ouros. Consegui no C1 1000m e C1 200m, e no C2 1000m não deu. Meus parceiros achavam que eu era capaz de conseguir três ouros, mas com uma prata e dois ouros estou muito satisfeito. Ele ainda quer chegar mais longe. O sonho, claro, é ser campeão olímpico nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016. O Brasil já tem três vagas garantidas (no C1 1000m, K1 1000m e K1 500m). Teoricamente, a primeira é de Isaquias. A Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), vai divulgar uma lista oficial mais perto dos Jogos Olímpicos, baseada em índices técnicos. A seleção, contudo, pode se classificar para mais provas no Campeonato Mundial de canoagem de velocidade e paracanoagem em Milão, na Itália, de 19 a 23 de agosto. G1